Dar adeus a agosto é aceitar que o inverno começa a se despedir. Setembro traz novas cores, mas ainda caminha no ritmo lento da estação que parte. Para mim, o fim do inverno sempre chega carregado de melancolia. É como se os dias dançassem uma última valsa, lenta e sentida, despedindo-se com pesar. As chuvas rápidas, o céu rarefeito de nuvens, os ventos fortes que invadem e abraçam os ambientes compõem essa coreografia de adeus.
Uma dança de despedida que abre caminho para a primavera, com seu calor macio e seu colorido expansivo. Eu gosto da primavera, apesar de não gostar do calor, sobretudo gosto das flores que a anunciam. Mas, confesso: minha alma pertence ao outono-inverno.
Sou dos dias lentos, do clima que pede camadas de roupa, das bebidas quentinhas que aquecem as mãos e o corpo, do vento que por vezes dói nos ossos. Sou das meias e pantufas, pães e bolos quentinhos, sopas, do céu nublado e dos dias introspectivos.
Então, danço com o inverno essa última melodia melancólica. Dois pra lá, dois pra cá. E, enquanto ele parte, aprendo a apreciar ainda mais cada passo da estação.
Gentilmente,
Juli ᡣ𐭩